domingo, 29 de agosto de 2010

Cristal: A Superdroga

Neste texto, não pretendo falar de maconha, de cocaína, de crack, heroína, nem de outra droga. O assunto é o cristal, uma droga antiga com grande poder de destruição, mas pouco conhecida no Brasil.

Trata-se de um estimulante feito de uma anfetamina superpoderosa, contendo na sua fabricação, substâncias químicas industriais e produtos de limpeza. Quando misturada a outras substâncias torna-se mais barata chamada de manivela. Cristal Meta é também conhecida como meth, metanfetamina, gelo, vidro, cristina, tina, crank, ice, speed e cocaína do operário.

Sabe-se que a anfetamina foi sintetizada em laboratórios pela primeira vez na Alemanha, em 1887. Em 1920 seu efeito psico-estimulante foi reconhecido e seu uso médico farmacêutico foi autorizado pelos EUA. Na segunda Guerra Mundial a anfetamina foi utilizada para dar mais energia e manter os soldados em estado máximo de alerta. Especialistas acreditam que a droga é a mais poderosa que existe no mercado nos dias atuais, um perigo que se alastra como uma praga. É mais barata que a cocaína e dez vezes mais forte, sendo que os efeitos duram até dez horas. É mais viciante que a heroína e mais destrutiva que o crack.

Por ser uma metanfetamina, é uma substância que se produz facilmente em laboratórios clandestinos e que não requer de muito dinheiro e tão pouco de tecnologia para sua elaboração. Cristal, como o nome diz, são cristais brancos ou incolores, como açúcar, que podem ser esmagados para virar pó. Geralmente vêm em um minúsculo saco plástico de cerca de 3x3cm chamado ‘bag’. Pode vir algumas vezes na forma de pílulas e na forma de cristal que pode ser fumado por um cachimbo de plástico, na forma de pó é geralmente cheirado, mas pode ser misturado em água e injetado na corrente sanguínea ou até injetado no ânus por uma seringa sem a agulha.

Cristal é usado para dar energia durante o sexo ou para dançar por muito tempo. Ele pode fazer você sentir viajando, bem aceso, confiante (às vezes invencível), impulsivo, menos propenso a sentir dor, e com muita excitação (e com menos inibições). Esta droga passa pelo sistema nervoso central, eleva a temperatura do corpo, batimentos cardíacos e pressão sangüínea talvez a níveis perigosos, com risco de ataque, derrame, coma e até morte. Provoca sentimento de autoconfiança, as pupilas se dilatam, a respiração fica ofegante, o usuário fica com a fala atropelada, entra num estado de euforia. Você pode ficar dias sem comer ou dormir, o fim do efeito pode te deixar sentindo exausto, inquieto, agressivo e paranóico e em alguns casos pensando em suicídio. É quase impossível evitar a próxima dose.

A sensação de euforia e o aumento do desejo sexual, produzidos pelas doses de dopamina liberadas no cérebro, estimulada pela metanfetamina, dão lugar a pânico, alucinações, agressividade, convulsões, falta de apetite, risco de derrame, colapso cardiovascular, corrosão de dentes e gengivas.

A droga está aliada a outro problema grave: o aumento do número de casos de Aids. É uma droga que libera a libido e estimula o usuário a ter inúmeras relações numa mesma noite, e na maioria das vezes, sem nenhum tipo de proteção, sendo que nos Estados Unidos, as maiores vítimas do Cristal são os homossexuais que experimentam a droga entrando em estado de euforia e hipersexualidade.

Cristal pode fazer um homem sentir muita excitação, até ficar um compulsivo sexual, transando com muitas pessoas durante orgias sexuais. Alguns casos de pessoas sob efeito de cristal fazem coisas na cama que não fariam normalmente, inclusive arriscando pegar ou passar HIV. A droga freqüentemente impede homens de gozar ou ter uma ereção (conhecido como ‘pau de cristal’). Sexo duradouro ou selvagem estimulado pelo cristal pode causar ferimentos ou sangramento nos órgãos sexuais e boca. Isto pode passar despercebido, mas significa mais risco de contrair HIV, hepatite C e outras doenças sexualmente transmissíveis. Tem sido comuns os danos causados aos órgãos sexuais pelo excesso de atrito ou exagero no tamanho dos brinquedos sexuais utilizados. Há registro de um estudante universitário que usava cocaína e resolveu fumar o cristal para se masturbar. A excitação foi tamanha e duradoura que só depois de 16 horas, quando o efeito diminuiu, ele percebeu que havia machucado a pele do pênis e estava sangrando. Teve que ser socorrido ao hospital.

Usar cristal por longo tempo pode ser assustador: estamos falando de psicoses ou de problemas de saúde mental duradouros (mesmo depois de parar de usar).

Evitar cristal pode ser muito difícil, e os efeitos no cérebro podem durar muito depois de parar com a droga.

Usado em danceterias ou durante sexo, cristal libera o hormônio cerebral do stress norepinefrina (noradrenalina) e as substâncias do ‘bem estar’ dopamina e serotonina. Tolerância ao cristal aparece logo, e mais da droga é necessário para dar a mesma viagem. A droga tem a reputação de viciar rapidamente. Muitos que usam desta droga em festas ja deram adeus a empregos, casa, dinheiro, namoros, amigos e família. Pessoas fortes que conseguem controlar o uso de outras drogas se viram fora de controle com cristal. Pode ficar difícil de pensar em fazer sexo sem estar sob efeito de cristal.

A droga cristal se injetada na corrente sanguinea, é a maneira mais rápida de ficar viciado e arrisca sérios problemas de saúde (abscessos na pele, destruição de veias, envenenamento sangüíneo e infecções do coração). Compartilhar agulhas arrisca pagar ou passar HIV, hepatite C e outras infecções. Essa droga é muito comum nas festas gays. Nos Estados Unidos, onde o seu uso está amplamente disseminado, o cristal é alvo de campanhas antiaids por favorecer enormemente o sexo sem proteção. Um estudo publicado no Journal of Acquired Immune Deficiency Syndromes mostra que o cristal aumenta em 46% o risco de infecção pelo HIV.

A Delegada Maria Aparecida, do 22º distrito policial de Alagoas, confirmou com exclusividade em uma entrevista, que a droga Cristal Meth, conhecida também como Cristal da Morte, já está circulando em Alagoas, principalmente em Maceió. A droga que está tirando o sono do poder público norte-americano está sendo comercializada por traficantes. Essa droga, é mais nociva que a Merla e os efeitos aos usuários é devastador principalmente porque estoura todos os dentes e as gengivas do consumidor. Diz a Delegada que através de um trabalho de investigação e prevenção está tentando capturar os traficantes e prevenir crianças e adolescentes sobre os perigos da droga cristal, desenvolvido por sua equipe de trabalho do 22º distrito policial de Alagoas.

Segundo a delegada, "O número de usuários desta droga no Brasil é mínimo, mas o fato dela ser 60 vezes mais potente que a cocaína e devastadora por excelência, preocupa a polícia, os órgãos de saúde e de combate às drogas. Meth vem do hebraico morte e, realmente, é o nome mais adequado para esta bomba. Seus efeitos imediatos são a euforia, aumento do desejo sexual, mas depois pode causar inúmeros transtornos. A destruição física é notória e fora do país é um dos assuntos que mais preocupa as autoridades, quando se fala em Cristal Meth", disse a delegada.

Esse quadro assustador dá seus primeiros passos também no Brasil. Desde o começo do ano, o Departamento de Investigações sobre Narcóticos vem fazendo apreensões da droga em raves e faculdades de São Paulo. No dia 20 de agosto, a Operação Dancing, de combate ao tráfico de drogas sintéticas, prendeu 20 jovens numa rave em Indaiatuba, no interior do Estado, com ecstasy, LSD, maconha e a preocupante novidade.

Ainda não há pistas de como o tóxico entra no país porque a polícia não conseguiu chegar aos traficantes. Assim como o ecstasy, por aqui o crystal meth custa caro e está restrita à classe média alta. Nos Estados Unidos, antes de entrar na moda, foi durante muito tempo a droga típica do meio rural, produzida em laboratórios de fundo de quintal a partir de ingredientes tirados de remédios comuns.

O Grupo de Estudos de Álcool e Drogas do Hospital das Clínicas de São Paulo também registra a presença da crystal meth. O diretor da instituição, o psiquiatra Arthur Guerra de Andrade, já identificou o uso do entorpecente entre jovens pacientes. Quem experimentou utiliza outros tipos de droga. A descrição é de um ecstasy turbinado. O médico considera preocupante o surgimento da moda. "Por ser sintética e misturada com substâncias cuja reação no corpo é desconhecida, pode se tornar um sério problema de saúde pública.

Nos Estados Unidos, a meth é tratada como uma epidemia sem precedentes. A pseudoefedrina usada para produzir metanfetamina, um derivado sintético mais potente da anfetamina é o estimulante que dá base à droga. É relativamente fácil de produzir, mas perigoso, são comuns explosões nos laboratórios clandestinos que proliferaram no interior dos EUA. Na década passada, o tráfico organizado mexicano começou a produzir meth. Hoje em dia, metade da droga consumida é feita no México.

A metanfetamina não é uma droga nova. Como a maconha e a heroína, porém, tornou-se mais poderosa graças à tecnologia. Na década de 50, era prescrita para dietas e casos de depressão. Foi proibida nos anos 70, mas continuou a ser fabricada clandestinamente.

As fotos abaixo são apenas um exemplo da degradação exterior do individuo, mas que em nada difere do envelhecimento precoce de todo sistema interno. O rosto desta pessoa apenas traduz o que se passa no interior do seu organismo. Que ninguém ouse, sequer, cair na tentação de experimentar! A vida de cada pessoa é preciosa demais para se afundar nesta “prisão perpétua”.

A conscientização tem sido a principal arma da polícia americana. Tudo que se sabe sobre a droga, logo é repassado à polícia de várias partes do mundo, para evitar que o cristal chegue a outros países. Há registros de apreensões no Brasil, embora em número pequeno. Em abril do ano passado, a Polícia apreendeu um adolescente que transportava LSD, êxtase e cristal de Foz do Iguaçu para Belo Horizonte.

A taxa de mortalidade por overdose de cristal nos EUA está elevadíssima. Pelos transtornos e dores que vem causando, o cristal vem sendo chamada de a Maligna.

A educação é a melhor arma para a prevenção. A Lei 11.343/2006 possui um capítulo destinado tão somente a medidas preventivas, e reconhece o uso indevido de drogas como fator de interferência na qualidade de vida do indivíduo, catalogando como princípios o fortalecimento da autonomia e da responsabilidade individual em relação ao uso indevido de drogas, e também compartilhar responsabilidade, adotar estratégias preventivas diferenciadas e adequadas às especificidades socioculturais das diversas populações, estabelecer políticas de formação continuada na área da prevenção do uso indevido de drogas para profissionais de educação nos três níveis de ensino e outros correlatos. Por isso, concito a todos a contribuir para a formação de um escudo protetor da sociedade. Conscientize alguém a dizer não as drogas, pois esse é um mundo falso e imaginário. Assim, estará contribuindo para a construção de uma sociedade livre, sadia, inteligente e saudável.

A droga é uma pandemia que destrói, aniquila, inundam de seqüelas os consumidores e que assusta o mundo inteiro. Perigo iminente para as atuais e futuras gerações. Um mal que necessita de políticas públicas para vencê-lo. É preciso reunir um grupo de homens de caráter e comprometidos com o bem-estar da humanidade, para lutar de forma destemida em defesa da vida. É verdade que enquanto especialistas sérios discutem medidas preventivas, profiláticas, ao tráfico e uso ilícitos de drogas, algumas pessoas de comportamento adverso ao crescimento social participam de reuniões na ONU para a descriminalização da maconha e outras organizam a chamada “Marcha da maconha” em meio a decisões judiciais contrárias.


MÁRCIO BENINI é acadêmico de direito da FUNEC de Santa Fé do Sul-SP

Nenhum comentário:

Postar um comentário